sábado, 12 de dezembro de 2009

Pensar muito nas coisas é como assistir a um filme de terror. Quero ver, mas as vezes tenho que tapar a cara com a almofada.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Parece-me que é conhecida e já bastante usada a expressão de que muito do que nós somos passa por o que lemos. Ironias à parte sobre uma possível crise de identidade portuguesa, podemos generalizar dizendo que podemos conhecer melhor um povo atendendo aos objectos bibliográficos que levam na mão (incluindo A Bola). Acho que era mais ou menos isso, e não pura coscuvilhice, que eu tentava fazer quando tentava ver a capa ou conseguia mesmo ler um bocadinho dos livros que alguem lê no metro. Sinceramente, parece-me um indice muito mais fiável do que o top 10 da fnac.
Agora que vivo numa terra nova, retomo velhos hábitos. Aqui, vi repetidamente pessoas a passar com grandes calhamaços de capa preta e umas letras assim um bocado a dar para o gótico. Por momentos pensei que fosse aquela história dos vampiros e senti-me em casa. Mas não, aquilo eram titulos grandes e tinham um desenhinho na capa. Por várias vezes tentei ler mas não dava, o que me fez pensar muito no agravamento da minha condição de míope. O livro aparecia vezes sem conta na mão dos estranhos que passavam por mim. Começou a ser uma verdadeira praga. Às vezes só o via de lado e já sabia que era ele. Senti-me tomada pela curiosidade mas principalmente pela ignorância. Quem és tu! Porque é que eu nunca ouvi falar de ti! Até que decidi tomar o caminho mais fácil ao entrar na livraria da minha faculdade. Lá estavam eles todos pretinhos, grossinhos e empilhadinhos em lugar de destaque. E então, tal e qual como uma grávida de trigémeos recebe uma surpresa eu vi que eram três livros diferentes! E que por acaso eu ate ja tinha vendido um deles (mas um portuguesinho) quando trabalhava numa livraria. Foi então que descobri que a praga dos livros pretos aqui em Barcelona se deve a um sueco, Stieg Larsson, e que esta, tal como todas as pragas que vêm de Espanha, já deve ter chegado a Lisboa.

sábado, 12 de setembro de 2009

Non, je ne regrette rien

Desde há algum tempo para cá tenho vindo a reflectir muito sobre a questão do arrependimento. Como se lida com ele, ou melhor, quais os sinais que me permitem reconhecê-lo, não nos outros, já que não tenho muito jeito para tarefas inglórias, mas nos sentimentos que me assolam .
Diria, de um modo simplista que o arrependimento é o desejo de mudar o passado. Nunca me aconteceu tal coisa. Até porque sou uma pessoa extremamente nostálgica e mesmo os mais terriveis acontecimentos entram no bau das recordações luminosas.
Acontece-me, porém, muitas vezes, desejar mudar o presente. Não querer estar aqui mas ali, não querer fazer isto mas aquilo. Acontecia-me muitas vezes e de repente, sem aviso prévio, como um ataque súbito de mal-estar. A partir de certa altura apercebi-me da frequência e inevitabilidade destes, e esse desejo tornou-se totalmente prevísivel. Uma consciência adjacente a qualquer decisão que tomo. Quando quero já sei que depois não vou querer. Porquê fazê-lo então? Porque não há maneira de matar um desejo sem que surja outro. E um desejo vivo faz comichão.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Hoje sonhei convosco

E passei o dia a lembrar-me de uma música o mais nostálgica possível.
O Garota de Ipanema era demasiado óbvio não?

domingo, 9 de agosto de 2009

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Ode aos homens

Nunca disse que os homens eram todos iguais. Reconheço-lhes todas as idiossincrasias de que o chavão popular os amputa. Tenho a certeza que não andam todos "atrás do mesmo". Nem acho que o mítico cheiro a cavalo seja sinal de masculinidade mas sim de uma certa aversão que algumas pessoas têm a produtos que artificializam o odor. Eu própria se não meto desodorizante cheiro mal que se farta. Os homens são para mim um universo de cérebros tão diferenciados e profundos como os femininos. E fica mal às mulheres dizer o contrário.

No entanto, como se sabe, há fenómenos sociológicos que tendem a padronizar comportamentos. E é no mínimo curioso observar o comportamento dos homens que nos rodeiam. Este parece estar estranhamente diferente daquele que seria o seu comportamento tradicional (e não, não estou a falar da figura estereotipada que estigmatizava os homens que combinavam a roupa, acho que nesse ponto os homens, aos poucos, estão-se a conseguir emancipar.). Quando me refiro a diferenças no comportamento, tem a ver com duas caracteristicas que vejo cada vez mais associadas a eles - a dependência (de algo ou de alguém) extremada, e a ingenuidade. Talvez por estes estarem tradicionalmente ligados ao sexo feminino, agora parece que gritam na psicologia masculina.

Os sinais na minha geração são evidentes. Elas parecem saber muito melhor aquilo que querem, e conseguem-no com muito mais persistência. Elas impõem-se nas relações. Elas são exigentes. Elas têm objectivos definidos e não têm medo de sobrepor isso aos prazeres mais imediatos. Elas (e esta é chocante) são incapazes de sucumbir a sua vontade face a vontade de outra pessoa, principalmente a do homem (isto tem um nome, é intolerância, aquela que sempre atribuímos a eles). Por outro lado, a maioria dos rapazes que conheço não sabem aquilo que querem, são mais submissos, pensam a curto prazo (normalmente ate ao próximo fim de semana) e revelam-se sempre extremamente dependentes da mulher mais próxima de si. Até eles admitem que estão amochados e que as mulheres vão governar o mundo. Isto vê-se pelos homens sentados nos bancos em frente a Zara, com os sacos de compras das mulheres e das namoradas. Quantas mulheres se dignam a esperar uma mísera hora e meia a porta da Luz enquanto o seu homem vê o jogo?

Estive tudo isto presente na minha mente ate ha bem pouco tempo. Altura em que me vi obrigada a ver o filme "A Ressaca" (analiticamente, é óbvio que não fui obrigada, mas as circunstâncias limitaram bastante a minha liberdade..) Durante duas horas de filme eu vi um publico maioritariamente masculino a rir à gargalhada de um bando de actores que simbolizavam tudo aquilo que afasta o sexo masculino da seriedade e integridade intelectual. O filme era uma ode à estupidez masculina, e a sala de cinema era uma multidão de loiras a rir de uma anedota de loiras. Foi uma experiência muito estranha. Se fossem mulheres, pensei eu, teria havido cartazes, criticas ferozes, manifestações contra a visão estereotipada e redutora do feminino. Aqueles parvos limitavam-se a rir.
Foi ai que me apercebi de uma coisa muito estranha. Milhares de séculos de hegemonia masculina não se esgotam na sessão das 6 do cinema de Tavira... Na, na... Eles estão a adoptar a técnica do animal morto! Isto é tudo feito para a população feminina baixar a guarda e facilitar o novo ataque. Mas isto foi uma ideia precipitada e disparatada. Na verdade, depois de pensar melhor, é que vi qual era o plano, este ainda mais maléfico... E se nunca existisse esse ataque? Se eles pura e simplesmente se fingissem de mortos para sempre? Tudo o que eles teriam que fazer era rir, rir, e de repente, os meninos e os homens que me rodeavam já não estavam a rir dos broncos do filme. Estavam a rir-se de mim. Da minha ambição, da minha mania de querer tudo, de planear tudo, de achar que consigo tudo. Como um velhote que olha para a criança que ainda vê nos desenhos animados um sentido para a vida. Depois parei de pensar nisso e resolvi aproveitar as pipocas.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

O filme da Mané

Estou bastante confusa, eu sei que tinha prometido decorar a coreografia do Thriller e dança-la na esplanada da faculdade... Por outro lado todas aquelas cadeiras davam também um bom tributo ao Café Müller... E agora?

terça-feira, 16 de junho de 2009

confissões I

Odeio escrever.
Escrever é para mim tentar pôr os meus óculos a alguém, sabendo de antemão que todos usamos graduações diferentes.
Cada vez que começo a escrever, a minha auto-imagem é a de uma mosca a tentar passar pelo vidro. Tem tanto de estúpido como de triste.
E principalmente odeio saber que nunca vou conseguir deixar de escrever.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

"Vivemos duas vidas - uma com os olhos abertos e uma com os olhos fechados. Com os olhos abertos percebemos o nosso universo exterior. Com os olhos fechados exploramos o cosmos interior. Passo o dia todo com os olhos fechados a tropeçar em pessoas e coisas. É por isso que ja não guio."
Federico Fellini , Sou um Grande Mentiroso

terça-feira, 9 de junho de 2009

A precisar de férias...

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Pesadelo I

Se há sitio onde não consigo evitar o absorver-me em pensamentos absurdos, esse sitio é a praia. As pessoas normais jogam a variadissimas coisas com bolas e raquetes, eu sou demasiado flácida para isso. Há ainda quem leia avidamente não se importando com a sombra que o livro faz sobre si, impedindo o tão valoroso bronze, eu sou demasiado fútil para isso. Outra actividade por mim muito apreciada é o mergulho no mar, mas parece haver sempre algo disposto a impedi-lo. Durante muitos anos foi a minha mãe e a conversa da digestão da bolacha que tinha comido há 3 horas, agora, que já me emancipei gástricamente, perdi a imunidade ao frio e não percebo como é que os putos entram na agua gelada e ficam la horas. Portanto, a partir dos 12 anos, que foi quando deixei de ter tamanho para brincar com pás e baldes sem ser olhada de lado, costumo olhar para o mar e pensar.

Já varias vezes que imagino esta história. Que é um pesadelo.

Uma conversa entre amigos que estão na praia.
1-Comprei uma camisola azul
2- Deve ser gira, mas é mais ou menos de que azul?
1- Opa, azul azul. Assim meio escuro, forte.
2- Isto das cores é uma cena tramada, não sei se estamos a falar da mesma cor.
1-Parecido com o simbolo da camy, lembras-te?
2- Tou a tentar visualizar..
1- Olha tal e qual o azul ali do mar (e aponta)
2- Aaah! Da cor dos meus cortinados então..
1- Sim, exactamente.
2- Ah! é gira então...
E depois vê-se pelo olho do 1, (o cinema e as camaras subjectivas..) e ele afinal vê o mar amarelo.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Desenhar o Brad Pitt na parte branca

Uma vez li numa revista, acho que foi na Elle ou qualquer coisa desse género, numa dessas crónicas de senhoras já entradotas mas que não perdem o estilo, que crescer era perder a esperança que um dia o Brad Pitt nos ligasse a convidar para sair. E aquilo soou-me profundamente sincero e revelador da condição humana. Deprimente, portanto.
Na verdade a senhora pôs em palavras o que me anda a infernizar de há uns tempos para cá. Antigamente, a minha vida era uma insignificância, um ponto numa folha em branco que eu fazia questão de pintar e preencher à vontade do freguês. Quando viajava horas colada ao vidro do banco de trás do carro do meu pai, ou quando atravessava o largo para a escola secundária, às vezes deitada na cama, imaginava tudo o que me poderia acontecer, literalmente tudo, coisas boas, coisas más (Mãe, isto explica aquelas caras estranhas que eu às vezes fazia). Era feliz com esse vazio que moldava tipo plasticina. À medida que o tempo passa vou tendo menos vazio para brincar. A minha vida torna-se um ponto cada vez maior (no fundo um embroglio de riscos) e assim não posso desenhar na parte branca. Ainda tenho a parte branca grande, mas ela está a diminuir. E isso deixa-me frustrada. E esta merda é que é crescer.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Faço 20 anos e chove a potes. Podia o meu estado de espirito ser mais literário?

terça-feira, 24 de março de 2009

Conversas interceptadas (não por mim) ou Como a moral feminina portuguesa sofre com complexos de inferioridade

"Eu não fiquei chateada por ele me ter atirado o soutien à cara. Fiquei chateada por ele ter aparecido na minha casa às 3 da manhã, a tratar o meu pai por tu. Quer dizer, olha o respeito!"

segunda-feira, 16 de março de 2009

Porque é que só agora é que soube disto?

Acho que passei a segunda quinzena de fevereiro afastada da vida real. Andrew Bird, Bon Iver, Cat Power, Feist e Ben Gibbard, Yeasayer etc etc etc..

terça-feira, 3 de março de 2009

Para ler em todos os inícios de semestre. Com voz irritantemente irónica.

«A vulgaridade é um lar. O quotidiano é materno. Depois de uma larga incursão larga na grande poesia, aos montes da aspiração sublime, aos penhascos do transcendente e do oculto, sabe melhor que bem, sabe a tudo quanto é quente na vida, regressar à estalagem onde riem os parvos felizes, beber com eles, parvo também, como Deus nos fez, contente do universo que nos foi dado e deixando o mais aos que trepam montanhas para não fazer nada lá no alto.»
Bernardo Soares


Soava muito mal se dissesse que preferia estar a trepar?

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Gui, a deportada.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

mum vs lois


Sempre achei muita piada a Malcolm in the Middle. Quando comecei a falar com as pessoas sobre o assunto, apercebi-me que se calhar achava mais piada à serie do que de facto ela teria. Eu nunca fui muito de me rir, e dava por mim a gargalhar que nem uma parva. Aliás, bastava o Dewey aparecer e eu escancalhava-me. Comecei a pensar que algo de mais profundo que um simples vicio numa série me ligava àquela familia. A verdade é que eu e o Malcolm somos filhos da mesma mãe. Como é que é possível que eu não me tenha dado conta antes? A ânsia de controlo, a voz da disciplina, aquele amor de mãe, inquestionável, mas que toma a forma de berros a mandar comer o peixe todo. A familia como campo de batalha.
Aproveitando que a série começou de novo na Fox, resolvi arranjar maneira de pôr a minha mãe a ver aquilo. Parecia-me que algo fantástico dali resultaria. Ela rever-se-ia na personagem e compreenderia o rídiculo da maioria das suas atitudes para comigo. Uma manipulação psicológica perfeita, pensei eu, deixando-a sozinha a ver o episódio para o efeito ser mais profundo. Quando voltei, estava a espera desse tal reconhecimento e pedido de desculpa pelo qual anseio há anos. Em vez disso ouvi o quê? "Coitada desta senhora, se tu visses o que os filhos lhe fazem!"

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

John Stezaker -Marriage IV ; 2006
"É preciso que a fotografia diga algo sobre a realidade!"
....You bastards!

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

A mais recente companhia enquanto tento arrancar com um trabalho de Fotografia que se prevê um desastre. Som amarelo, clarinho, feliz, a fazer lembrar descapotáveis velhinhos a percorrer os prados no Alentejo, a antítese do cinzento, escuro e enfadonho Janeiro, onde realmente só ando no 42, e a chapinhar na àgua.

Migremos,please.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

the milky way

A propósito do filme, reavivam-se as discussões. Como sempre não tenho argumentos próprios mas rio-me dos argumentos dos outros. O mais engraçado é o do "ser contra natura". Amigos, contra natura é fazer depilação às pernas ou utilizar sanitas. Que tal subjugarmo-nos totalmente à natureza e regressar à animalidade? Proponho que se comece por queimar os aviões, que são um autêntico atentado à nossa condição de terrestres sem asas. Está na natureza do homem casar com uma mulher, ter filhos e mobilar a casa no Ikea. Agora, o amor? Isso é coisa de malucos.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

há 151 dias atrás

Só sei que, algures na rua onde o Freud morou, em Viena, alguém vai mudar de rotina. E poupar uns trocos em papel. E em tinta. E esperamos (todos) que as mudanças não se fiquem por aqui.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

A pedidos (telepáticos) sobre a parte musical da viagem a Londres.

Meninas, de notar que aquela lama toda em nada contribui para o medo, pois, pelo cenário em questão, creio não se tratarem de referências a casas de banho em Piccadilly Circus.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Há alturas na vida em que me apercebo do valioso saber e coragem das pessoas mais idosas. Hoje, por exemplo, estou a morrer de inveja de todos aqueles que conseguem usar collants por baixo das calças e continuar a executar movimentos corporais com a maior flexibilidade, tipo subir e descer do autocarro.