quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O desconforto dos 13 volta aos 21. Sou demasiado nova para que me levem a sério e demasiado velha para que me levem a brincar.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Paradoxo do dia

A hipocrisia é o meu maior defeito.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Pensar muito nas coisas é como assistir a um filme de terror. Quero ver, mas as vezes tenho que tapar a cara com a almofada.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Parece-me que é conhecida e já bastante usada a expressão de que muito do que nós somos passa por o que lemos. Ironias à parte sobre uma possível crise de identidade portuguesa, podemos generalizar dizendo que podemos conhecer melhor um povo atendendo aos objectos bibliográficos que levam na mão (incluindo A Bola). Acho que era mais ou menos isso, e não pura coscuvilhice, que eu tentava fazer quando tentava ver a capa ou conseguia mesmo ler um bocadinho dos livros que alguem lê no metro. Sinceramente, parece-me um indice muito mais fiável do que o top 10 da fnac.
Agora que vivo numa terra nova, retomo velhos hábitos. Aqui, vi repetidamente pessoas a passar com grandes calhamaços de capa preta e umas letras assim um bocado a dar para o gótico. Por momentos pensei que fosse aquela história dos vampiros e senti-me em casa. Mas não, aquilo eram titulos grandes e tinham um desenhinho na capa. Por várias vezes tentei ler mas não dava, o que me fez pensar muito no agravamento da minha condição de míope. O livro aparecia vezes sem conta na mão dos estranhos que passavam por mim. Começou a ser uma verdadeira praga. Às vezes só o via de lado e já sabia que era ele. Senti-me tomada pela curiosidade mas principalmente pela ignorância. Quem és tu! Porque é que eu nunca ouvi falar de ti! Até que decidi tomar o caminho mais fácil ao entrar na livraria da minha faculdade. Lá estavam eles todos pretinhos, grossinhos e empilhadinhos em lugar de destaque. E então, tal e qual como uma grávida de trigémeos recebe uma surpresa eu vi que eram três livros diferentes! E que por acaso eu ate ja tinha vendido um deles (mas um portuguesinho) quando trabalhava numa livraria. Foi então que descobri que a praga dos livros pretos aqui em Barcelona se deve a um sueco, Stieg Larsson, e que esta, tal como todas as pragas que vêm de Espanha, já deve ter chegado a Lisboa.

sábado, 12 de setembro de 2009

Non, je ne regrette rien

Desde há algum tempo para cá tenho vindo a reflectir muito sobre a questão do arrependimento. Como se lida com ele, ou melhor, quais os sinais que me permitem reconhecê-lo, não nos outros, já que não tenho muito jeito para tarefas inglórias, mas nos sentimentos que me assolam .
Diria, de um modo simplista que o arrependimento é o desejo de mudar o passado. Nunca me aconteceu tal coisa. Até porque sou uma pessoa extremamente nostálgica e mesmo os mais terriveis acontecimentos entram no bau das recordações luminosas.
Acontece-me, porém, muitas vezes, desejar mudar o presente. Não querer estar aqui mas ali, não querer fazer isto mas aquilo. Acontecia-me muitas vezes e de repente, sem aviso prévio, como um ataque súbito de mal-estar. A partir de certa altura apercebi-me da frequência e inevitabilidade destes, e esse desejo tornou-se totalmente prevísivel. Uma consciência adjacente a qualquer decisão que tomo. Quando quero já sei que depois não vou querer. Porquê fazê-lo então? Porque não há maneira de matar um desejo sem que surja outro. E um desejo vivo faz comichão.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Hoje sonhei convosco

E passei o dia a lembrar-me de uma música o mais nostálgica possível.
O Garota de Ipanema era demasiado óbvio não?

domingo, 9 de agosto de 2009

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Ode aos homens

Nunca disse que os homens eram todos iguais. Reconheço-lhes todas as idiossincrasias de que o chavão popular os amputa. Tenho a certeza que não andam todos "atrás do mesmo". Nem acho que o mítico cheiro a cavalo seja sinal de masculinidade mas sim de uma certa aversão que algumas pessoas têm a produtos que artificializam o odor. Eu própria se não meto desodorizante cheiro mal que se farta. Os homens são para mim um universo de cérebros tão diferenciados e profundos como os femininos. E fica mal às mulheres dizer o contrário.

No entanto, como se sabe, há fenómenos sociológicos que tendem a padronizar comportamentos. E é no mínimo curioso observar o comportamento dos homens que nos rodeiam. Este parece estar estranhamente diferente daquele que seria o seu comportamento tradicional (e não, não estou a falar da figura estereotipada que estigmatizava os homens que combinavam a roupa, acho que nesse ponto os homens, aos poucos, estão-se a conseguir emancipar.). Quando me refiro a diferenças no comportamento, tem a ver com duas caracteristicas que vejo cada vez mais associadas a eles - a dependência (de algo ou de alguém) extremada, e a ingenuidade. Talvez por estes estarem tradicionalmente ligados ao sexo feminino, agora parece que gritam na psicologia masculina.

Os sinais na minha geração são evidentes. Elas parecem saber muito melhor aquilo que querem, e conseguem-no com muito mais persistência. Elas impõem-se nas relações. Elas são exigentes. Elas têm objectivos definidos e não têm medo de sobrepor isso aos prazeres mais imediatos. Elas (e esta é chocante) são incapazes de sucumbir a sua vontade face a vontade de outra pessoa, principalmente a do homem (isto tem um nome, é intolerância, aquela que sempre atribuímos a eles). Por outro lado, a maioria dos rapazes que conheço não sabem aquilo que querem, são mais submissos, pensam a curto prazo (normalmente ate ao próximo fim de semana) e revelam-se sempre extremamente dependentes da mulher mais próxima de si. Até eles admitem que estão amochados e que as mulheres vão governar o mundo. Isto vê-se pelos homens sentados nos bancos em frente a Zara, com os sacos de compras das mulheres e das namoradas. Quantas mulheres se dignam a esperar uma mísera hora e meia a porta da Luz enquanto o seu homem vê o jogo?

Estive tudo isto presente na minha mente ate ha bem pouco tempo. Altura em que me vi obrigada a ver o filme "A Ressaca" (analiticamente, é óbvio que não fui obrigada, mas as circunstâncias limitaram bastante a minha liberdade..) Durante duas horas de filme eu vi um publico maioritariamente masculino a rir à gargalhada de um bando de actores que simbolizavam tudo aquilo que afasta o sexo masculino da seriedade e integridade intelectual. O filme era uma ode à estupidez masculina, e a sala de cinema era uma multidão de loiras a rir de uma anedota de loiras. Foi uma experiência muito estranha. Se fossem mulheres, pensei eu, teria havido cartazes, criticas ferozes, manifestações contra a visão estereotipada e redutora do feminino. Aqueles parvos limitavam-se a rir.
Foi ai que me apercebi de uma coisa muito estranha. Milhares de séculos de hegemonia masculina não se esgotam na sessão das 6 do cinema de Tavira... Na, na... Eles estão a adoptar a técnica do animal morto! Isto é tudo feito para a população feminina baixar a guarda e facilitar o novo ataque. Mas isto foi uma ideia precipitada e disparatada. Na verdade, depois de pensar melhor, é que vi qual era o plano, este ainda mais maléfico... E se nunca existisse esse ataque? Se eles pura e simplesmente se fingissem de mortos para sempre? Tudo o que eles teriam que fazer era rir, rir, e de repente, os meninos e os homens que me rodeavam já não estavam a rir dos broncos do filme. Estavam a rir-se de mim. Da minha ambição, da minha mania de querer tudo, de planear tudo, de achar que consigo tudo. Como um velhote que olha para a criança que ainda vê nos desenhos animados um sentido para a vida. Depois parei de pensar nisso e resolvi aproveitar as pipocas.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

O filme da Mané

Estou bastante confusa, eu sei que tinha prometido decorar a coreografia do Thriller e dança-la na esplanada da faculdade... Por outro lado todas aquelas cadeiras davam também um bom tributo ao Café Müller... E agora?

terça-feira, 16 de junho de 2009

confissões I

Odeio escrever.
Escrever é para mim tentar pôr os meus óculos a alguém, sabendo de antemão que todos usamos graduações diferentes.
Cada vez que começo a escrever, a minha auto-imagem é a de uma mosca a tentar passar pelo vidro. Tem tanto de estúpido como de triste.
E principalmente odeio saber que nunca vou conseguir deixar de escrever.